terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Conversa pouca, pegação muita

Não sei como é que os ingleses fazem para paquerar, até porque o que menos tem em Londres é inglês (rá!). Ouvi dizer que eles são tímidos para o contato inicial, daí a freqüente aproximação quando estão bêbados e, portanto, inconvenientes. Como eu não acredito em estereótipos, quando descobrir se é assim mesmo eu conto pra vocês.

Já na comunidade estudantil internacional... Ao que parece, a norma é aproveitar o ano de estudo longe de casa como se o mundo fosse acabar. Para mestrandos de todos os matizes, não há tempo a perder. Romantismo, como o beijo na boca, é coisa do passado. Exclusividade, ih, só quando você não quer. O que para a sua avó seria promiscuidade, aqui é simplesmente "ser jovem".

O recorde é de uma mocinha por aqui que estava dando conta de um croata, um peruano, um iraniano e dois brasileiros, mais ou menos ao mesmo tempo. Ela justifica com a quase obrigação do "good night kiss" ao fim de um date. Pragmatismo não rima com romance. O croata mesmo dançou quando insistiu em dizer com todas as letras que aquilo não ia dar em namoro. Ela nem namorar queria, mas o blablablá desnecessário acabou estragando o clima.

E não adianta se proteger atrás do compromisso. Diálogo bizarro:
- Eu não posso namorar você, eu já tenho namorado.
- E o que é que tem?
- Como assim, o que é que tem?
- Ele está no Brasil, não tem previsão de vir pra cá, eu não me importo.

Hein?

Um iraniano tentou ser mais astuto. Disse que tudo bem, a gente ainda pode ser amigo, né. Mas engatou uma seqüência de ligações tão freqüentes que mesmo a mais carente das mocinhas sairia correndo, com medo. Eu saí correndo, com medo. Simpatia brasileira tem limite.

Outro tentou se aproveitar da minha falta de solteirice. Propôs um não-date. Quer dizer, eu achava que era um não-date, mas era um date. Como assim? Assim: ele também tinha deixado um alguém em seu país de origem. Queria sair com uma mocinha comprometida.
- Para a mocinha não ter expectativas?
- Não, ao contrário.
- Ah, para não cair em tentação?
- Não, nada disso.
- Então...
- Se os dois estivermos na mesma situação, e algo vier a acontecer, pode ser mais divertido.

Hein?

Viver perigosamente é o must do inverno londrino. Pelo menos entre os jovens. E aí não faz diferença se você tem 20 ou 30.

Historieta-Bônus
Uma conhecida é a prova de que coração partido não combina com vida de estudante no exterior. O namoro acabou? Só fica na residência universitária sofrendo se quiser. Ela ficou, navegando na internet. Foi chamada por um no MSN, por outro no GTalk, recebeu email de um terceiro. Já dá uma animada. No dia seguinte ligaram convidando pra sair. Não os mesmos, outros. Isso mesmo, outroSS. Como se dizia no Rio, perdeu, playboy.

5 comentários:

Unknown disse...

A ONU perde em número de nacionalidades! Adorei isso. Pessoas diferentes, culturas diferentes, aprendizados diferentes... E eu... ainda prefiro a França à Inglaterra, rsrsrs.

Anônimo disse...

Pelo que vcs contam, tô achando a vida dos estudantes em Londres bem mais animada que a dos que estão em Paris. Pelo menos no qusito "dates". Muito bom!

driimattos disse...

amiga...
fique aí...!!!

a coisa aqui não anda nessa 'agilidade' toda..
de repente, deve ser janeiro..todo mundo fique meio louco pelos lados do trópico em janeiro....rs
bejocas

GILVANDRO FILHO disse...

Mel,
Hoje eu tirei um tempo pra ler o seu blog. O seu charme, inclusive no texto, e inteligência, pra mim, não são novidade nenhuma. Mas, me rendo aos seus (agora pra mim revelados) encantos de cronista. Isso é muito melhor do que ler sobre informática. Parabéns!!! :-)
Beijos, saudades,
Gil

Sandra disse...

Mel!!!Como assim, conciliar tanta gente de todos os cantos, encantos e axés? Preciso pegar umas aulinhas contigo porque estou muito fraquinha.Oh, maldita anemia...(kkkk)Consola-me Isabel Allende dizer que é bom conciliar oficial e amante na mesma pessoa porque sobra tempo para ver filmes.Será? (risos)Bjs