quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Pausa estratégica

Pois é. Férias para todos na Europa, menos para mim e para minha amiga e cumplice de blog. Estamos concentradas nos estudos acadêmicos que vão revolucionar o mundo.
Voltamos em breve.
Beijos

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O cúmulo da organização das tarefas

Eu não tenho o que falar mal do serviço público de saúde britânico. A não ser me mandarem pegar um ônibus que demora 40 minutos para chegar onde Oscar Wilde perdeu as botas pra fazer um simples exame, sempre fui atendida com presteza e simpatia, e alguma demora vez por outra em nada se compara às manhãs inteiras perdidas na sala de espera da minha dermatologista em terras tupiniquins.

Sei de histórias péssimas. Amiga e companheira de bolsa de estudos levou sete horas em hospital porque ninguém levava a sério a dor muscular que acabou virando algo pior só pela demora. Não tiro a razão, só não caiam no erro de comparar o serviço público da Inglaterra com o serviço particular de saúde do Brasil. Se a comparação for com o SUS, claro que a rainha está a anos-luz na frente.

Tanto que recebi esta semana o exemplar mais britânico possível de um procedimento de saúde. Cartinha agradecia minha presença ao local do exame, informava que o resultado tinha sido normal, e que novo exame só precisaria ser feito em 2011:

"Quando vier fazer o exame, favor trazer o formulário em anexo".

To be or not to be. Metódico!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Camping, lama e rock 'n roll

Sobrevivi à minha última aventura jovem. Pronto, cansei. Anuncio minha aposentadoria. Megafestival de rock no interior da Inglaterra. Milhares de pessoas. Quatro dias de paz e amor, uma reedição do Woodstock que não vivemos. A perspectiva romântica sumiu no momento que comprei o ingresso. Eu, num festival de rock? Eu, dormindo em barraca de camping? Ai.

Os amigos deram aquela força: “Leva bota sete-léguas que chove o tempo todo”, me disse uma. “Se prepare para passar quatro dias sem tomar banho”, zoou o outro. Frio, lama, dormir mal, comer mal, ficar suja?? Aaaai. Da lama ao caos.

Como não sou de desistir de nada e não ia deixar os amigos na mão, rezei secretamente para que não chovesse muito, peguei minhas novíssimas botas vermelhas de florzinhas brancas e enfrentei com ácido bom-humor as cinco horas de ônibus (!) até o local do evento.

Claaaaro que chovia quando cheguei, claaaaro que eu era a única pessoa no lugar que não se tocou em levar capa impermeável, claaaaro que todas as minhas roupas ficaram encharcadas na uma hora que passamos pra encontrar os amigos que já estavam animadíssimos por um dia de música e vodca, claaaaro que se alguém tivesse me dito “Estou voltando agora pra Londres” eu me ajoelharia e daria as últimas libras esterlinas da minha parca bolsa de estudos para voltar para a minha residência estudantil que nunca me pareceu tanto com um lar, doce lar. Dane-se o prejuízo. Salvaria a minha dignidade.
Mal sabia eu que os alegres participantes iam gritar a noite toda no nosso ouvido (quem manda montar a barraca na beira do caminho de pedestres?), as botas me apertariam horrores e Amy Winehouse daria um soco num cara da platéia (pois é, eu tava lá). Fora que testemunhei os limites da degradação humana – sabe como esse povo jovem se excede e não consegue sair da lama. Literalmente.

Eu não sou fresca, mas andar 40 minutos para chegar à fila do chuveiro e enfrentar banheiros químicos a partir do terceiro dia de festa não é exigir muito: é esporte de alto risco! No fim das contas, dormir em barraca foi a parte mais confortável do pacote!

Mentalizei que nunca seria tão feliz como quando tudo acabasse e assim se foram os quatro dias de semipaz (o numero de crimes dobrou, se bem vocês acham que 372 crimes em quatro dias num lugar onde estão 172 mil pessoas é muito?) e pouco amor (me reclamou um brasuca que ninguém pegava ninguém; e eu sou testemunha que ele bem que tentou). Eu, corações a pipocar, achei ótimo não ter a azararão inconveniente de uma equivalente festa tupiniquim. Balanço final: adorei ter ido. Principalmente quando voltei. : )



Momento-clichê
Eu, no alto da minha versão 3.1.1 – menos bugs, mais funcionalidades –, prometi a mim mesma só voltar quando inaugurarem um modelo de acomodação revolucionário que atende pelo nome de suíte. Enquanto isso, vovôs e vovós passeavam alegremente como se estivessem, eles mesmos, dormindo em camas confortáveis e visitando regularmente banheiros privativos. Ser jovem é mesmo uma questão de espírito.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Elas são profissionais !

Impossível competir com as asiáticas quando o assunto é liquidação. Antes de começar a temporada de descontos, elas já experimentaram todas as roupas. No dia D, às 8 da manhã elas já esperam na porta das lojas e vão direto pegar o que interessa. Além disso, como andam em grandes grupos, ao chegarem nas lojas, elas se dividem numa estratégia militar. Cada uma prum canto e, pelo celular, entre risinhos, elas saem pegando todas as peças boas.
Não bastasse isso, sendo realmente magras e baixas, elas conseguem pegar aqueles vestidos mais bonitos que só existem em tamanhos minúsculos ou sapatos de marca que só têm em tamanho 33.
Enquanto eu fico lá na fila por 15 minutos pra experimentar uma blusa que me deu efeito de cão sharpei, elas já compraram meio estoque. Elas têm muito dinheiro pra gastar.
Meu balanço da liquidação que terminou dia 2 de agosto e durou 4 semanas foi meio caído: um par de sapatos, uma cortina e um cardigã da Zara. O que eu levei $ semanas para comprar, as asiáticas comprariam em 10 segundos. Aliás, para conseguir pegar o último modelo preto do casaquinho no meu tamanho, tive que deixar meus pudores de lado e empurrar pessoas e ser empurradas por muitas, incluindo velhinhas. E crianças. É triste, mas uma etiqueta onde está escrito "- 70%" revela o que há de pior em nós.