sábado, 29 de março de 2008

Tamanho não é documento

Com vocês, a menor ambulância do mundo.

Acúmulo de funções: médico e motorista!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Haja coração!

Orgulho de ser brasileiro

E eu achava que já tinha visto muito brasileiro em Londres.

Nada como um jogo da seleção no exterior pra mostrar como tem brasuca no mundo. Orgulho genuíno ou adquirido na porta do estádio em forma de camisa-bandeira-faixa-gorro. Brasil 1x0 na Suécia.

Conforme previsto há um mês aqui no blog:
1) fez o maior frio
2) o estádio Emirates é mesmo bonito
3) o Brasil jogou bem mais ou menos
4) dessa vez eu não tava olhando pro outro lado no único gol da partida

E Kaká não foi...

Quem não tem Kaká, caça com Diego e Pato


Eu sei que eu disse que não ia estar lá. Mas ganhei o ingresso. Sabe como é, saudades do Brasil. Não minha, mas de um amigo. Ele foi matar a saudade, eu fui pro jogo. Cada um tem o que merece.

O precinho nada camarada, 35 libras, deixou o estádio cheio, mas não lotado - éramos 60.021 pagantes, anunciaram no telão. A gente tá em Londres cheio de glamour, mas não com dinheiro sobrando.

Grande poder da camisa do Brasil no processo de integração social. Metrô, sozinha, espécime tupiniquim atordoado com seus cinco dias de Londres pede para ir comigo ao estádio. Simbora. Grande estréia da blusinha que minha irmã me deu, naturalmente em cima de outras duas blusas, que esse começo de primavera tá mais pra inverno.

Só tinha gente de verde e amarelo e cartazes "Me filma, Galvão", e meu grupo de torcedores foi cair no meio da torcida adversária. Ih, vai nos inibir, pensei. "%$£*", começa a gritar um colega. Em inglês. A explicação singela: "Se eles não entendem o xingamento, não tem graça". Eu sabia que ia aprender muita coisa nessa noite.

Quem é aquele ali mesmo?


Comprovado nosso caráter divertido e solidário com piadas infames de toda sorte e risadas achincalhadoras com situações vexatórias alheias. Me senti na pátria amada.

E destaque para o intervalo começando ao som de La Bamba. Sabe como é, os gringos queriam homenagear o Brasil.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Eu quero ter um milhão de amigos

Mudar de casa é um tormento. Após morar em 8 apartamentos em 3 países diferentes nos últimos 7 anos, achei que estava pronta para tudo. Mais ou menos. Mudar de casa em Paris é uma operação que exige grande logística e cara-de-pau.


Capítulo 1: Preparar a mudança

O primeiro instinto é chamar uma empresa especializada, mas o preço é abusivo. Esqueça o instinto. O orçamento deve ficar em torno de dois meses de aluguel, bem além do bolso de estudantes em geral. A opção escolhidas pelos franceses -mesmo os que não são mais estudantes- é alugar uma caminhonete, chamar os amigos e fazer a mudança na raça. Para mim, é a versão francesa de chamar os amigos, fazer um churrasco e armar a laje. Eu, como não tenho móveis, apelei para uma boa alma de braços fortes disposta a descer 5 lances de escada sem elevador e subir outros 3 andares sem elevador carregando malas e caixas de livros.



Capítulo 2: Os móveis

Desde a minha chegada em Paris, fiquei num studio mobiliado com um gosto peculiar. Cortinas de paetês, luminária prateada, foto do Mikahil Barishinikov no banheiro... (os proprietários do meu apartamento são um casal gay franco-russo). Agora chegou a hora de ter os próprios móveis. Rumo para a grande rede de móveis de origem escandinava. Os preços competitivos, estilo adequado.

Pequeno detalhe: não entregam. Não montam.
-vendedor: a senhora tem experiência em montar armários?
eu: eu?! não!
vendedor: ah, então é melhor chamar um amigo...
eu: vocês não montam?
vendedor: não
eu: nem pagando?
vendedor: não temos esse serviço, mas o nosso manual é fácil. A senhora também pode alugar uma caminhonete aqui mesmo.
eu: vocês nem entregam?
vendedor: sim, a entrega pode ser de graça, mas não subimos escada. Deixamos na portaria.
eu: ah, já sei, tenho que chamar os amigos para levar...

Resumo: Sem amigos, não dá para comprar e montar armários, arrumar um fiador, transportar mudança, consertar coisas e instalar equipamentos. Aprendi que, mais importante que o jeitinho brasileiro, é ter o jeitinho francês.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Pagando bem... que mal tem?

Trabalhar de babá? Cochilar na aula de manhã porque ficou até de madrugada trabalhando no pub?

Que nada. Em tempos de megaconcorrência, estudante internacional sofre até para arrumar subemprego. O jeito é ser criativo e/ou apelar para soluções alternativas. Vejam as presepadas na linha "coisas que já vimos estudantes fazerem pra economizar ou ganhar dindin":

- ser figurante profissional de programas de auditório

- participar como cobaia de pesquisa de acupuntura

- modelo de maquiagens étnicas

- modelo de escola de cabeleireiro (ih, essa vocês já sabem)

- ir pra universidade andando - mesmo que demore uma hora pra chegar

- pegar coisas doadas por estudantes que voltaram pros seus países e revender no eBay

- entregador de abóboras no Halloween (foi assim que ele descobriu que abóbora grande tem espinho no caule)

- trabalhar vestido de bebida energética, dançando na porta das baladas

- doar esperma a cada 15 dias (por £ 40 a doação!)

- passar-se de rico e comprar produtos Luis Vuitton para virar muamba no Japão


Emprego campeão

O melhor de todos (ou pior, para o dito-cujo em questão) foi um emprego pra conseguir comprar dentes de ouro que sobravam em consultórios odontológicos. O coitado tinha tanta vergonha de ligar pros dentistas que inventava uma identidade falsa. Ou misturava os nomes dos amigos, tipo "Cíntia de Andrade".

- Vocês têm materiais preciosos (eufemismo para ouro) para vender?

Melissa e Cíntia

quinta-feira, 13 de março de 2008

As neopupilas encontram o mestre

Fomos ao cabeleireiro para ganhar um look europeu moderno e descolado, mas logo descobrimos que o Balzac já usava o mesmo corte no século 19. Coincidência?




Melissa e Cíntia



PS. Melissa ia comentar sobre seu novíssimo corte, ainda mais curto e mais ousado, mas depois que perguntaram se ela tinha virado emo ela nao quis mais.

segunda-feira, 10 de março de 2008

O gringo é bom

Férias no Brasil, alguns euros para gastar. Numa banquinha de artesanato no centro do Rio, contemplo coisinhas que poderia levar de presente, um pequeno mimo, sei lá.

O vendedor-ambulante-gaiato começa a puxar assunto. Acabei revelando que morava na França.

-vendedor gaiato: é casada?
-eu: não.
-vendedor gaiato: por quê?
-eu: sem motivo especial, tô estudando, sei lá.
-vendedor gaiato: é melhor casar com gringo que com brasileiro, né? Brasileiro é tudo safado. Eu sou brasileiro. Eu sei. Você (olha a intimidade do sujeito) tem quantos anos?
-eu: 31 (por que eu dou trela para populares? Boa pergunta, mas a minha curiosidade mórbida me impede de interromper essas conversas. eu sempre fico querendo saber até onde a presepada pode ir)
-vendedor gaiato: ah, então aceita o meu conselho. é melhor casar com gringo mesmo. O gringo é melhor pra brasileira. Os caras daqui não vão dar conta de você não, assim estudada e com 30. (piscadela cúmplice)

Resumo: Ganhei um conselho que não pedi, não comprei o artesanato, mas arrumei um post.

sexta-feira, 7 de março de 2008

30 é o novo 3

Passando uma curtíssima temporada no Brasil, resolvo reunir todos os meus amigos e amigas em São Paulo (todos nessa faixa etária cinzenta dos 27 aos 30 e poucos) em um único grande evento. Assim, pensei: poupo tempo e agilizo as baladas, já que a minha passagem por São Paulo é para fazer pesquisas para a minha tese. Chego toda animada, cheia de novidades de Paris e qual é a minha surpesa? O grande grupo de amigos e afins se dissolveu de forma nada amigável. Recebo todas as informações via janelinhas individuais de msns e e-mails. Haja coordenação!

Uma amiga, mais diplomática, diz: "Não temos saído mais tanto juntos. Ando sem pique".

Outra, do mesmo ex-grupo, é mais explícita: "Eu e fulana não nos falamos mais. A fulana também não fala mais com o beltrano. Ah, e eu também não tenho quase falado mais com ele."
Uma terceira: "É melhor não reunir todos nós numa única mesa. Corre o risco de acabar virando um programa do Ratinho".
Uma quarta é taxativa: "Se ela for na boate, eu não vou. "

Eu, estupefata, pergunto: "Como assim vocês não podem ficar juntos nem em um ambiente com 300 outras pessoas?" Não há resposta.

-A terceira responde: "Ah, sei lá, o maior clima pesado."
-Eu: "Vcs estão de mal? É isso?"
-A terceira: Ah, é a vida, coisas da vida, opiniões.
-Eu: Ué, mas há anos sempre houve briguinhas bestas, mas nunca houve esse gelo total. Assume: vcs estão de mal? É isso, todos com 30 ou quase lá e resolveram ficar de mal. Não acredito! Vocês cortaram o dedinho também para simbolizar o gesto? Quando vocês vão ficar de bem?

A terceira: Ai, Cíntia. Tá bom, é isso. Estamos de mal.

Um quinta pessoa no ex-grupo resolveu contextualizar: "Na verdade, desde 2004 que não nos damos tão bem, agora que estou com 30, resolvi escolher melhor as minhas amizades".


bônus: Para não ter que bancar a Silvia Poppovic numa mesa-redonda de baixarias, fui obrigada a organizar mini eventos com uma lista previamente definida e com a pergunta constrangedoda: "Você ainda fala com tal pessoa?".


Mais uma revelação bombástica: 30 é o novo 3.