Mocinhos de 20 e poucos estão se interessando por mocinhas de 30 e poucos. O 30 é o novo 20, mas nesse caso, o 20 não sabe que o 30 existe.
A gente explica. Invariavelmente os rapazes pensam que somos mais jovens. Um pouco mais velhas que eles, talvez, mas nunca depois dos 30. Ou seja, não se trata de um interesse juvenil por mulheres mais velhas, o que no imaginário das revistas e blogs femininos vem acompanhado de adjetivos como "experientes", "bem-resolvidas" e "que sabem o que quer"- não se enganem, a gente abomina essa relação míope de causa e efeito.
O fenômeno é internacional e precisa de estudo aprofundado. Amigas nossas têm até uma brincadeira pra isso. "Qual o seu piso?", e cada uma que confidencie a idade do rapaz mais jovem com que elas já, digamos, ficaram.
A complexidade feminina entra em cena também nessa área. Tem quem não ache nada demais, tem quem estabeleca um máximo de diferença como parâmetro aceitável e tem quem prefira rapazes mais velhos. Não é simples, mas é assim. Uma de nós não gosta da idéia de ficar com alguém que nasceu numa década depois da gente. Assim, até 1979 há alguma chance hipotética. A outra é mais flexível. Ah, também tem quem reveja os conceitos de vez em quando. Sim, temos direito a dias de metamorfose ambulante. Viva Raul.
Contam as mocinhas que essa interação com a juventude tem causado conflitos de experiência. Certo dia uma amiga nossa propôs um movimento menos óbvio na intimidade – ela jura que não era nada tão diferente assim – e ouviu um espantado "Isso aí eu nunca fiz isso antes". Descontado o charme do idioma estrangeiro, se o seu sonho de sedução não é ensinar nada a ninguém, o comentário pode atrapalhar, anh, a animação.
Outra amiga teve tempo para refazer mentalmente a lista de afazeres do dia seguinte enquanto o namoradinho sem muita experiência lutava para abrir o fecho de sua roupa íntima. "Por que você não ajudou o coitado?", perguntamos, sempre querendo dar uma forca pra galera. "Ele tem que aprender, ora", foi a resposta, antevendo a alegria da próxima mocinha com quem ele se deparasse. É por essas e outras que dizem que sempre entregamos para a próxima uma versão melhorada do homem que encontramos.
Para levantar o moral dos que estão começando na casa dos 20, registramos o relato de várias amigas com as boas surpresas que encontraram. Experiência nem sempre quer dizer qualidade e é por isso que existe uma lenda de que rapaz que chega aos 30 sem saber beijar não tem mais jeito. Há um caso, que achávamos raro, de perda de habilidade com o passar dos anos. Imperdoável. Atestado de incompetência em matéria de sedução.
(E antes que algum engraçadinho comente, a gente sabe que tem uma parcela que mente pra ver se "ganha" a mulherada. Mas esses são fáceis de identificar. Ou a gente se deixa enganar ; )
Bônus da Cíntia: A importância das roupas "jovens"
Num raro dia de sol, saio de bermuda, tênis e baby look com estampa do Elvis. Sou abordada por um popular na que saía da escola. Isso aí, do segundo grau, aliás, ensino médio como se diz hoje em dia.
O ultrajovem começa com a conversinha. "Você estuda aqui por perto?" Eu explico que estudo na Paris 8. Ele faz uma cara de quase espanto e pergunta: "Quantos anos você tem?". Sem papas na língua, contei a minha verdade: "31". O menino, incrédulo: "Mentira, você está falando isso só para me dispensar". Sigo meu caminho sorridente.
Dois meses depois, com um vestido mais soltinho que eu julgava fashion-glamour anos 60, um jovem me chamou de senhora no metrô e me ofereceu um lugar para sentar. Hein?! Fiquei arrasada, mas sentei. O mocinho achou que eu era uma senhora de idade ou que estava grávida? Para reflexão.
Lição do dia: Idade não é nada. Roupa é tudo. Mas atenção para não cair na caricatura de se fantasiar de jovem.
Melissa e Cíntia
3 comentários:
Os textos estão muito bem escritos, parabéns pela clareza das idéias, o encadeamento dos assuntos e pelo bom humor.
Alías, é tão tênue a linha que separa a roupa adequada de uma roupa imprópria para a idade!
Ó dúvida cruel... o q responder para um "bebê" de 21 anos q lhe convida para ir ao cinema? Uma das alternativas é agradecer a Deus pelo prazo exíguo de entrega da monografia de pós-graduação e fazer a maldade de dizer q terá o maior prazer em ir ao cinema com o gato (corpo show! cabecinha nem tão show assim...) quando se livrar do imbróglio. Alguém tem putra sugestão??? Bjs!
Ps.: meninas, vcs conmseguiram colocar tudo no papel...amo vcs!
Estou nessa onda de garotos mais novos há muito tempo e já desisti de entender essa preferência (minha e deles). Mas em uma das vezes em que estava chorando por uma história que tinha terminado, fui obrigada a aceitar a verdade que minha mãe me falou: "Você namora meninos e quer que eles se comportem como homens!" Não custava nada, né?
Postar um comentário