quarta-feira, 9 de abril de 2008

Conflitos diplomáticos

Uma das boas coisas de estudar no exterior é encontrar gente de todo o canto do mundo. Mas isso também cria uma obrigação meio chatinha de ter opinião formada sobre todos os países do globo.

Todo mundo tem alguma coisa para falar do Brasil ao conhecer a minha nacionalidade: "E o Lula?"; "Adoro o Ronaldinho" ."Acho que prefiro o Maradona ao Pelé". Você mora perto da cidade de Deus?" "O carnaval dura um mês inteiro?"

O problema é quando sou apresentada a alguém cuja localização do país é apenas vaga na minha memória. O que dizer para alguém que vem da Nova Caledônia? Níger? Ilhas da Reunião? Belize?Togo?

Mesmo quando eu sei onde fica o país, não tenho, necessariamente, mais nenhum comentário que não me faça passar por uma imbecil.

Há alguns que têm noção da pouca relevância mundial dos seus países e já vão falando: "No meu país é assim, assado". Mas tem gente que tem um certo sadismo de torturar o interlocutor.
No intervalo de uma conferência sobre pós-colonialismo na faculdade, vira um cara de Comores para mim e pergunta: "O que você sabe do meu país?". Assim, na lata. Parecia um daqueles programas de mau gosto de perguntas e respostas. E o pior que se cito que sou jornalista e/ou estudante de geopolítica aumenta a pressão social por frases definitivas sobre todo e qualquer país. Afe!

Felizmente recentemente a União Africana decidiu intervir nas Ilhas Comores para expulsar um ditador maluco que se autoproclamou soberano de uma parte da ilha. Não fosse isso, não teria absolutamente nada para dizer.

Diante de uma possível saia-justa, penso em recorrer a soluções alternativas:
a) apelar para frases vazias: "No gênero, nunca vi nada igual" (também serve para espetáculos em geral)
b) culpar a mídia pela falta de divulgação da vida no país x, y ...
c) repetir clichês: "Muitos mutilados em Angola, né?"
e) se for na balada, é mais fácil: "Ih, tá tocando a minha música"

Solução radical: o contra-clichê
A técnica consiste em gargalhar diante de qualquer frase. Ninguém vai achar que sou doida, vão simplesmente constatar a alegria do povo brasileiro "sempre alegre apesar das dificuldades".

Top Five: assuntos que necessitam de uma opinião formada. Sem um mínimo de conhecimento sobre esses assuntos, aqui na França não dá nem para conversar com o padeiro. Temas que animam qualquer rodinha de estudantes internacionais.
-Tibete e Dalai Lama
-Imigração clandestina
-Aquecimento global
-Queda do poder aquisitivo dos franceses
-"Lula ainda é de esquerda?"

Um comentário:

Unknown disse...

ihihihihih... Risada garantida novamente. Qd eu crescer, juro q quero escrever como vc e como a Mel. Bjus!!!