quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O mistério do presente persa

Eu ainda vou receber uma condecoração da ONU por manter a paz mundial.

Jantar pretensamente polonês. Pálidas coxinhas de galinha mergulhadas numa água turva com generosa superfície de óleo, acompanhadas de uma massa que quando crescer e fizer vestibular pode perder no ponto de corte para purê.

- Humm, que diferente!

Sobremesa japonesa. Retângulos cuidadosamente embalados, recheados com três massinhas gelatinosas, às quais se acrescenta o conteúdo de um potinho pequenininho de mel antes de degustar com uma colherzinha de madeira. Lindo e apetitoso, até entrar na boca. Doce de arroz com não-sei-o-quê japonês. Doce de eca.

- Humm, que diferente!

Noite vietnamita. Nativa reúne coleguinhas do mestrado pra mostrar a típica culinária nacional. A entrada era supostamente imperdível. Muito tradicional, toma-se a qualquer hora do dia ou da noite, eu já antevia sair de casa feliz para saborear sozinha o quitute nas noites frias londrinas pelo precinho módico de £ 3. Chega uma sopa rala com um fiapo de galinha em Hanói e outro em Saigon (tá bom, Hon Chi Minh). Me contive pra não dizer “a de lá de casa é melhor” e larguei o meu:

- Humm, que diferente!

A quem ouvir o comentário, um alerta. Não insista. “Ah, mas você gostou?” leva o interlocutor a 1) mentir; ou 2) dizer a verdade. E eu não gosto de mentir. Pelo bem da nossa amizade, aceite o “diferente” como uma prova de consideração. E vamos em frente.


Bônus diferente
Tive de usar o “diferente” pra descrever minha reação ao presente de um amigo iraniano. Mas eu não sei pra que serve o danado do negócio. Sugestões?



Posso dizer que tenho um tapete persa?

3 comentários:

Unknown disse...

Em tempos pós-momescos só me vem à cabeça uma (e apenas uma) utilidade para o "mimo"´: é perfeito para ser a parte superior de um estandarte de bloco carnavalescp!!! Perfeito, perfeito! Nunca vão encontrar uma finalidade melhor! Obrigada pelas risadas. Bjs!

Yuri Beltramin disse...

Acredito eu que seja aqueles “Badulaque” que nossas avós colocavam em cima da janela.. será??? "- Humm, que diferente!"
beijos
Yuri Beltramin

Mandrey disse...

HAHAHAHAHAHA. Além de imaginar você falando "hum, que diferente!" eu ri mais ainda porque já encarei algumas gororobas intragáveis em Londres. Perfeito o ponto de corte do purê. Aliás, Mel, você nasceu para ser humorista!

Concordo com os demais comentaristas. O presente tem cara de "estandarte carnavalesco para janelas". Sugestão de troco? dá uma boneca de maracatu ou um chapéu de caboclo de lança pra ele.