quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Mulher pelada procura

Eu desisto de querer mostrar que o Brasil é mais do que Carnaval e mulher sambando seminua. A comunidade internacional quer isso mesmo.


Evidência 1
Me empenhava no meu discurso multiculturalismo, diversidade racial, plurietnia, mas meus amiguinhos só ficaram satisfeitos quando achei as fotos que eles queriam. A simplicidade dos fatos (para mim, cruel) veio com o comentário diante de mulatas e branquelas rebolativas com pouquíssima roupa:

- Ah, é por isso que a gente ama o Brasil!


Evidência 2
Eu começava uma explanação empolgada sobre a multiplicidade da manifestação popular, a convivência de diferentes influências, grande caldeirão musical, blablablá, pontuando a singularidade da festa do Recife, bem menos conhecida internacionalmente que a exuberância carioca, e estava para começar a citar os outros carnavais famosos do país quando fui bruscamente interrompida:

- Não me interessa o lugar. Só quero ver mulheres nuas dançando.


Evidência 3
Gringo conta grande viagem que fez ao Brasil, coincidindo com a época de Carnaval, quando pôde ver diversas facetas da nossa festa, coisa e tal. Tomou o que viu como síntese de brasilidade e desde então espalha por aí que:
1) No Brasil, é normal as mulheres dançarem nuas ou seminuas;
2) No Carnaval, é socialmente aceitável vestir saias curtas sem usar nada por baixo;
3) Uma das fantasias mais em voga é “vestir” apenas tinta pra cobrir o corpo.


É uma luta perdida. Contra o imaginário coletivo, até a minha autenticidade foi colocada à prova.

A saber.

Festa carnavalesca em Londres, brasucas e gringos disputando espaço no salão, entra um grupo de maracatu. Começo a dançar o que anos de pernambucanidade me permitem exibir. Vexame fragoroso. Olhares de reprovação e desprezo. Os gringos acharam que era samba! E sambavam com toda a desenvoltura que Deus não lhes deu!

Na Quarta de Cinzas, a resignação é o que me resta.


Bônus de Carnaval
A inconveniência típica dos dias de folia não precisa de ambiente tropical para se manifestar. Na falta de dotes físicos ou intelectuais, o trunfo derradeiro do brasileiro desesperado para faturar uma mocinha: “É Carnaval, gatinha, tem que beijar”. Eu, hein!

2 comentários:

Anônimo disse...

................................................................................................................... Nem sei porque estou pasma. Sem comentários ............
....................................................... Bjus!

Iúri Moreira disse...

Até aí tudo bem... Mas quando duas moçoilas pagodeiras acham que vc tem que ficar com as duas senão é viado, como é que fica?

Adorei o blog!

Beijos