sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Camping, lama e rock 'n roll

Sobrevivi à minha última aventura jovem. Pronto, cansei. Anuncio minha aposentadoria. Megafestival de rock no interior da Inglaterra. Milhares de pessoas. Quatro dias de paz e amor, uma reedição do Woodstock que não vivemos. A perspectiva romântica sumiu no momento que comprei o ingresso. Eu, num festival de rock? Eu, dormindo em barraca de camping? Ai.

Os amigos deram aquela força: “Leva bota sete-léguas que chove o tempo todo”, me disse uma. “Se prepare para passar quatro dias sem tomar banho”, zoou o outro. Frio, lama, dormir mal, comer mal, ficar suja?? Aaaai. Da lama ao caos.

Como não sou de desistir de nada e não ia deixar os amigos na mão, rezei secretamente para que não chovesse muito, peguei minhas novíssimas botas vermelhas de florzinhas brancas e enfrentei com ácido bom-humor as cinco horas de ônibus (!) até o local do evento.

Claaaaro que chovia quando cheguei, claaaaro que eu era a única pessoa no lugar que não se tocou em levar capa impermeável, claaaaro que todas as minhas roupas ficaram encharcadas na uma hora que passamos pra encontrar os amigos que já estavam animadíssimos por um dia de música e vodca, claaaaro que se alguém tivesse me dito “Estou voltando agora pra Londres” eu me ajoelharia e daria as últimas libras esterlinas da minha parca bolsa de estudos para voltar para a minha residência estudantil que nunca me pareceu tanto com um lar, doce lar. Dane-se o prejuízo. Salvaria a minha dignidade.
Mal sabia eu que os alegres participantes iam gritar a noite toda no nosso ouvido (quem manda montar a barraca na beira do caminho de pedestres?), as botas me apertariam horrores e Amy Winehouse daria um soco num cara da platéia (pois é, eu tava lá). Fora que testemunhei os limites da degradação humana – sabe como esse povo jovem se excede e não consegue sair da lama. Literalmente.

Eu não sou fresca, mas andar 40 minutos para chegar à fila do chuveiro e enfrentar banheiros químicos a partir do terceiro dia de festa não é exigir muito: é esporte de alto risco! No fim das contas, dormir em barraca foi a parte mais confortável do pacote!

Mentalizei que nunca seria tão feliz como quando tudo acabasse e assim se foram os quatro dias de semipaz (o numero de crimes dobrou, se bem vocês acham que 372 crimes em quatro dias num lugar onde estão 172 mil pessoas é muito?) e pouco amor (me reclamou um brasuca que ninguém pegava ninguém; e eu sou testemunha que ele bem que tentou). Eu, corações a pipocar, achei ótimo não ter a azararão inconveniente de uma equivalente festa tupiniquim. Balanço final: adorei ter ido. Principalmente quando voltei. : )



Momento-clichê
Eu, no alto da minha versão 3.1.1 – menos bugs, mais funcionalidades –, prometi a mim mesma só voltar quando inaugurarem um modelo de acomodação revolucionário que atende pelo nome de suíte. Enquanto isso, vovôs e vovós passeavam alegremente como se estivessem, eles mesmos, dormindo em camas confortáveis e visitando regularmente banheiros privativos. Ser jovem é mesmo uma questão de espírito.

Um comentário:

Anônimo disse...

Mellllllllllll
Eu fui no Glastonbury Festival e adoreiiiiiiiiii!!!!!!!!!! Tive sorte de ficar em um lugar que dava para dormir sem barulhos. O grupo que eu estava, já tinham ido antes, e sabiam de um lugar bacana para colocar as barracas. A bota sete-léguas e a capa impermaável foram itens super necessários nestes 3 dias de festival.