sábado, 26 de julho de 2008

Me integrando e girando

Os franceses, apesar da fama de serem blasés, bem que gostam de uma festinha.

Cartazes colados pelo meu prédio avisam da "festa dos vizinhos". Grande oportunidade para interagir e comer. Cada um leva comidinhas - queijos, tartines, tortas, tomatinhos etc - e bebidas. Normalmente, é uma espécie de pique-nique entre vizinhos. Mas onde eu moro, é óbvio, nada pode ser muito normal. O casal de vizinhos gays, uma espécie de promoters, resolveu fazer a festa de vizinhos definitiva. Um vizinho polonês que toca caixa numa bateria de uma peseudoescola de samba de Paris ficou responsável pela animação musical. O zelador montou uma tenda para abrigar o "show".

Dias antes da tal festa, cartazes pelo prédio avisavam para os pais providenciarem protetores de ouvido para as crianças, pois o "samba de Brasil" faz muito barulho. Um vizinho videomaker fez o clipe promocional para a festa. Momentos de tensão para mim. Bateria de escola de samba, vizinhos, eu sou brasileira. Uma hora, é claro, ia sobrar para mim.

Começa o ziriguidum multicultural. Palev, o polonês, passou meia hora antes preparando e se aquecendo como se fosse correr uma maratona. O mestre de bateria, do Vietnã, se sente o próprio carioca com seu apito. Os vizinhos franceses, com suas echarpes e copos de vinho, acenam a cabeça animadamente. Animadamente dentro conceito francês, é claro.

Gui, o zelador, começa a se animar. Há dois anos ele está em depressão causada pala morte da esposa. No dia da festa, para espanto dos vizinhos, Gui ameaça uns passos de mestre-sala, acena para o ar com os braços, sacode os ombros, faz um movimento de "air percussão". Ele sabe que eu sou brasileira e se espalha: "Ela é brasileira, ela vai ensinar todo mundo a dançar". Ai, meus sais. Ele não se conforma com meu estilo low profile e eu não estava a fim de encenar o numero do "povo brasileiro que é alegre e dança apesar das dificuldades". Mas, não tem jeito, é brasileiro no exterior, tem samba, não há escapatória: é preciso dançar. Gui me tirou pra dançar. Muitos rodopios e sorrisos de todos e muitas fotos. Eu e Gui, o improvisado casal de mestre-sala e porta-bandeira franco-brasileiro fomos o sucesso da festa.

Como não poderia faltar, um pequeno comentário de Gui: "Samba é tipo rumba, né?"

P.S: O video é a visão de samba do Gui e de sua geração.

Um comentário:

Unknown disse...

Cíntiaaa!!!!! Como é q vc conseguiu a façanha de acompanhar o Gui nesse "show" de samba? rsrsrsrs... Bjs.